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Porque gostamos de ver fotografias de bolos e doces


Fotografia de dois macarrons de limão sobre base de tábuas de madeira salpicada com folhas de alecrim

A crescente exposição a imagens de alimentos apetecíveis, nas redes sociais e nos media, tem sido geralmente vista como tendo um impacto negativo nos nossos hábitos alimentares. Contudo, a verdade é que a ciência não provou a existência deste tipo de relação nociva. Pelo contrário, vários estudos sugerem que, extraordinariamente, a exposição a imagens de alimentos pode induzir um efeito de saciedade similar ao provocado pela sua real ingestão. Nestes tempos de excesso, em que por exemplo em Portugal um quinto dos adultos são obesos e mais de um quarto das crianças tem excesso de peso, este será sem dúvida um aspeto positivo dos novos comportamentos digitais.

Mas porque é que isso acontece?

Uma das principais funções do nosso cérebro é encontrar alimentos nutritivos. Esta atividade chama-se forrageamento e nos humanos baseia-se primariamente na visão. Isto porque a visão permite identificar os alimentos nutritivos rapidamente e a uma certa distância (por exemplo, distinguir bagas nutritivas das venenosas através da cor).

Devido à importância do forrageamento para a sobrevivência nas sociedades primitivas, as adaptações evolutivas do nosso organismo levaram a que ver alimentos apetecíveis, de alto valor energético e com elevado teor de gordura ou hidratos de carbono, tivesse dois tipos de efeito. O primeiro são as respostas fisiológicas através das quais o corpo se prepara para receber os alimentos (por exemplo, a salivação). É neste tipo de efeito que se sustentam as teorias de que a exposição a este género de imagens contribui para excessos no consumo.

Mas a visão de imagens de alimentos apetecíveis tem também um outro tipo de efeito que, embora muito menos referido, é tão ou mais importante. São efeitos neurológicos de atenção, recompensa e prazer, que se desenvolveram para incentivar a própria busca de alimentos. Através deles, os nossos cérebros aprenderam a gostar de ver comida.

A passagem das ancestrais sociedades de escassez e forrageamento para as atuais sociedades da abundância ocorreu depressa demais para permitir novas adaptações evolutivas do nosso organismo. Por essa razão, hoje temos que sobreviver em sociedades em que o desafio é limitar a ingestão de alimentos, com cérebros preparados para estar sempre à procura e ingerir de imediato alimentos de poder nutritivo tão elevado quanto possível. O que não é fácil!

Mas, como vimos, as imagens de alimentos altamente nutritivos, como os bolos e doces, são por si só uma fonte de prazer. E, aparentemente, esta pode funcionar como alternativa ao próprio consumo. A crescente tendência para publicar e partilhar este tipo de imagens pode, de facto, ser uma estratégia para compatibilizar os instintos do nosso esfomeado cérebro ancestral, com as atuais necessidades de evitar o excesso de peso e praticar uma alimentação saudável.

Parece que podemos pois continuar a partilhar, sem culpa, fotografias das nossas iguarias preferidas. Porque comer com os olhos não engorda e poderá até ajudar a controlar o peso! Especialmente se forem fotografias de qualidade como estas que o Dicas Allcookin de Fotografia ensina a obter :).

BIBLIOGRAFIA


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